Os termos revelação e mistério são associações comuns nas epístolas paulinas. Paulo emprega, por exemplo, o termo mistério seis vezes na epístola aos Efésios. Para compreender adequadamente este termo é necessário uma comparação formal com a epístola aos Colossenses, pois esta também usa o termo várias vezes (1.26,27; 2.2, 4.3). O termo também pode ser encontrado em Romanos (duas), 1 Coríntios (seis), 1 Timóteo (duas). Os usos do termo mystëri
on nestas epístolas possuem particular afinidade com o contexto já encontrado em Efésios e Colossenses.
Em Colossenses, mistério é especificado pelo genitivo 'mistério de Deus'(2.2) e 'mistério de Cristo' (4.3). Nos outros dois casos (1.26,27), o contexto define o mistério em relação a Deus e a Cristo: 'Deus quis fazer conhecer quais as riquezas da gloria'. Em Colossenses 2.2, este mistério é o próprio Cristo: "para conhecimento do mistério de Deus - Cristo".
Esse conjunto de características se encontra também nos textos de Efésios. Em três caso, o mystërion é determinado por um genitivo que o coloca em relação com a iniciativa e eficaz e gratuita de Deus, a sua "vontade" (1.9), com o Cristo (3.4) ou com o Evangelho (6.19). Em dois casos, o termo é usado de forma absoluta, "o mistério"(3.3,9), mas o contexto permite referi-lo, sem dúvida, a Deus ou ao Cristo. Exclui-se dessa perspectiva o caso de 5.32, onde designa uma interpretação "profética" de um texto bíblico, precisamente, de Gênesis 2,24, relido á luz da ligação salvífica entre Cristo e a igreja [...]
(BENTHO. Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira pratíca e eficaz. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.37-8.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário